terça-feira, 23 de agosto de 2011

Na decadência

Na decadência do meu sofrimento,
Entregue à minha dor,
Rosto molhado, rímel borrado,
Ouvindo Angela rorô.
Deprimida, deprimente,
Quebro tudo, enfurecida
Brigo, xingo a vida
Como quem com ela se ressente.
Socorro!
Minha cabeça está girando
A luz está se apagando
Me acuda, senão morro.
Não sei se é tarde ou cedo
Me abraça pra passar meu medo
Olhe nos meus olhos, insista
Peça que eu não desista
Pegue minha mão com carinho
Me faça ver um caminho
Me deseje sorte
E me mostre:
Qualquer coisa que me dê sentido, razão
Qualquer coisa que me aponte a direção.
Me diga que sou capaz
Tire de mim minha cruz
E que eu sinta um raio de luz
E que, enfim, eu encontre a paz.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A minha solidão

Minha solidão, eu não a significo como estar sem companhia. A mim ela se resume a não ter quem me compreenda, a ter com quem falar, mas não ter quem me ouça. A estar aflita e não ter quem me abrace, a querer fugir mas não ter para onde ir.
Minha solidão está na falta de colo, na falta de aceitação real de quem eu sou por mim e pelos outros também. Está na falta de apoio não importando o caminho que eu escolha, na falta de alguém que me faça acreditar que tudo dará certo em vez de só dizer isso num papo furado dividindo uma cerveja.
Minha solidão existe quando desmerecem os meus problemas não reconhecendo neles a gravidade que eu reconheço. Quando não entendem que só quem sabe como, quando e porque dói as dores sou eu.
Eu estou só porque ninguém é capaz de entender a complexidade do que tenho sentido e vivido e, por esse motivo, em vez de palavras de força e incentivo, eu recebo críticas de quem nem sabe nem compreende o que realmente se passa comigo.
Eu estou só porque, para ser querida e aceita, eu preciso atingir metas e superar expectativas que aqueles que me cercam estipularam para mim, como se eu tivesse que passar num teste de merecimento.
Eu tenho que seguir um molde, eu preciso reagir de acordo com o julgamento que os outros fazem da minha vida, das minha experiências.
Eu não tenho licença para ser quem sou. De acordo com os seus pontos de vistas, todos encontram soluções para meus problemas, todos sabem o que se passa comigo. É tudo muito fácil e muito simples. E o meu ponto de vista? O ponto de vista de quem está na realidade da vida, de quem vive e sente a própria vida?
Não, ninguém sabe de mim nem das minhas dores. Sou eu que vivo tudo o que vivo e é por isso que ninguém pode me compreender e é por isso que ninguém pode me criticar e é por isso que ninguém sabe resolver meus problemas.
Eu sei da minha solidão. Eu sou só, sozinha, convivendo comigo mesma.

domingo, 7 de agosto de 2011

E ser feliz

Quero fugir
De mim, fazer as malas
De repente sumir.
Libertar-me do que me consome
Sair sem eira nem beira
Mudar de nome.
Achar uma saída
Recobrar a fé
Ver luz no caos da vida.
Recomeçar do zero
Fazer tudo novo
E o futuro ser como espero.
Ser, do mundo, uma aprendiz
Abrir minhas asas
Voar e ser feliz!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O que o coração sente

Embora desfrute de alguns prazeres,
Nenhum deles é vivido plenamente.
Há sempre a sensação de algo faltando,
Nada tem sentido de repente,
A infelicidade chega me arrebatando
E me deixando da vida descrente.
Então por que não me realizo com a vida?
Por que a julgo um beco sem saída?
Os meus dias andam a solavancos,
Se arrastando aos trancos e barrancos,
Pois não consigo ser indiferente
A todo vazio que meu coração sente.

Falta dum amor

A mão segurando uma flor
No rádio, Janis Joplin cantando
E seu "Maybe" com todo o fervor,
Minha tristeza vai embalando.
Minh'alma chora a falta dum amor
Como se o mundo estivesse acabando,
Em minha face há lágrimas rolando,
Porque meu peito amargura a dor
De uma alma que está definhando,
E num canto se encolhe chorando
A falta dum grande amor.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O fim de mim

Quem me dera a minha morte fosse assim:
O fim de tudo, o fim de mim.
Sentir a dor passar,
Nenhum mal-terminado a terminar
E não haver mais nada a continuar.
Virar poeira e o vento me levar,
Virar fumaça e me esvair no ar.
A tristeza me deixaria,
Do sofrimento me libertaria,
Nem culpa nem arrependimento me restaria.
E de alma leve, pro infinito, voaria.
E todo tormento acabaria assim:
Até que enfim!
É o fim de tudo, é o fim de mim.

Coração panela de pressão

Coração panela de pressão,
Sem válvula antiexplosão,
Estourou por um turbilhão,
Em pedaços, se espalhou pelo chão.
E quem tocar seus restos,
Ou queima ou suja a mão.