segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Mulher No Espelho

A mulher se olha no espelho
ela quer se conhecer,
quer se reconhecer.
Saber o que restou do passado,
saber o que sobrou para o futuro.

A mulher se olha no espelho
e nota que carrega no corpo as marcas do tempo,
carrega na alma as marcas da vida.
Ela não é a mesma de antes,
tem o rosto cansado e as mãos envelhecidas.

A mulher se olha no espelho
vê os fios brancos evidentes em sua cabeça
e os atribui aos tormentos que viveu.
Lembra dos choros que conteve
e dos choros que não conteve só, em seu quarto, em silêncio,
enquanto fingia que dormia.

A mulher se olha no espelho
e sente saudades de tudo o que não viveu,
se desespera.
Se dá conta de tantas coisas que perdeu,
das oportunidades que deixou passar,
de tudo o que ficou para trás e que o tempo não trará mais.

A mulher se olha no espelho
vê olheiras enormes
sente a flacidez da pele
repara as rugas,
sua juventude já se foi.
O corpo sofreu o peso da vida.

A mulher se olha no espelho
fecha os olhos e lembra o passado.
Analisa a vida
e faz a contabilidade.
Conta as perdas e os ganhos,
o seu balanço: dores, desilusões.

A mulher se olha no espelho
se despe,
observa cada parte do seu corpo
não gosta do que vê
sua beleza se perdeu
e chorando, ela se contenta.

A mulher deixa o espelho por um momento
e vai tomar um banho quente,
se esfrega bem
como se lavasse toda a sujeira que sente
como se suas lembranças pudessem descer pelo ralo
assim como a água que cai de seu corpo.
Ela está mais leve agora.

A mulher volta ao espelho
decide esquecer tudo
marca o dia de hoje como um início de uma nova vida.
O tempo não volta para o corpo, mas recomeça para a alma,
alma que rejuvenesce,
e o sorriso renasce
e o futuro floresce.

A mulher se olha no espelho
se vê, se enxerga como nunca antes
se diz mulher, se acha bonita, está viva!
Ela se toma, se sente, se ama.
Ela se pertence, agora ela é só dela.
E vai em frente, toma as rédeas da vida,
planeja o futuro.
Não sabe se vai ser feliz, mas sabe que ainda tem vida,
e vai vivê-la plenamente.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sabedoria Repentina

"Nada como esquecer da vida em certas ocasiões."

Frase dita por Isabel (Maria José de Souza), minha amiga e empregada doméstica de onde trabalho, ao comentar com ela que eu gosto de tomar uma cervejinha pra fingir esquecer dos problemas.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Proponho Um Brinde

Proponho um brinde, dois brindes, três brindes...
Não para comemorar
É brindar só para beber
Beber para não lembrar
Beber para esquecer.
Sentir o corpo anestesiar
E a alma entorpecer
Até parar de chorar
Até parar de sofrer.
E um sorriso encenar
E toda lágrima esconder
E por instantes me enganar
Que a dor não vai mais doer.