quinta-feira, 17 de junho de 2010

Febre

É uma febre.
Por que é intensa e passageira?
Não, é uma febre porque arde, queima.
Deixa o corpo quente todos os dias.
Em alguns momentos a temperatura é de 37 graus, em outros é de 41.
Apesar disso, o coração está sempre frio.
Vivendo todos os dias a zero grau,
Num inverno praticamente Antártico,
Gelado e deserticamente vazio.
Faça chuva ou faça sol,
Noite ou dia,
Inverno ou verão,
As horas correm,
Passa o tempo,
Mas a febre não passa.
E o corpo numa situação insustentável,
E o coração cada vez mais inabitável.

Quase desconhecida

Não sei até onde parte do que escrevo é autobiográfico, até porque eu não sei direito quem eu sou.
Não me conheço o suficiente para me descrever bem. Confesso que para lembrar a minha fisionomia, eu recorro ao espelho sem vergonha nenhuma. E mesmo assim, ainda fico em dúvida se aquela imagem refletida sou eu mesma.
Quando me dá na veneta, eu me busco, me vasculho por dentro e por fora na intenção de obter mais informações sobre essa pouco conhecida EU.
Sempre comparando a recente vasculhada com a anterior, em algumas vezes eu encontro algo a mais dentro de mim, algo que eu não tinha reparado antes; em outras, dou falta do que tinha certeza de que ainda estava alí.
Nesse busca-busca de mim mesma, vou adicionando e subtraindo características de acordo com as minhas experiências ao decorrer da minha vida. Consigo ser diferente e previsível e igual e imprevisível em vários momentos de um mesmo dia. Como eu sou volúvel, né?!
E assim eu sigo transitando no que fui, no que estou sendo agora e no que serei depois. Vou aprendendo e amadurecendo, brincando de ser eu e sendo várias e uma só ao mesmo tempo.