quarta-feira, 14 de outubro de 2009

I don't want to grow up

No auge dos meus 32 anos mal vividos, eu tenho a única certeza de que a pior coisa que me aconteceu na vida foi ter crescido.
Eu detestei ficar adulta. Mesmo quando criança, o fato de encarar esse inevitável destino me causava tristeza, eu já sabia que era uma ida sem volta.
Lembro bem que fiquei desapontadíssima quando menstruei pela primeira vez, tanto que tentei disfaçar ao máximo como se não quizesse ainda acreditar que já era hora. Minha mãe percebeu, e quando olhei para ela eu perguntei: "Não é não, né mãe?" E ela balançou a cabeça e disse: "Ah! É sim." Então percebi que ali fora dado o pontapé inicial, era dali para pior.
Os anos foram passando e eu crescendo forçadamente, e hoje vivo essa vida maçante de adulto. Sinto enorme falta da minha infância, não que ela tivesse sido maravilhosa, mas era uma vida mais livre, mais lúdica. Tinha muito mais com que sonhar, muito mais no que acreditar.
Todas as vezes que escuto "I don't wanna grow up" dos Ramones me vem um nó na garganta, porque considero essa música como um protesto contra a adultícia. Ser "gente grande" é um desaforo!
Cresci, mas não sei se amadureci o bastante. Acho que tenho uma cabeça boa para quem teria 21 anos, e não para quem tem 32. Passo bem longe das características de uma legítima balzaquiana, e eu até gosto de não ter amadurecido tanto, parece que ainda sobra resquício de uma criança em mim.
É até bom. Quem amadurece demais morre cedo. Fica podre.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Misericórdia

Quanto mais o tempo passa, mais devemos dar graças a DEUS pelo pouco que ainda nos resta. Contando, é claro, com uma irônica misericórdia que, de quem vem, eu não sei.

domingo, 11 de outubro de 2009

Não sei. Sinceramente, não sei se quero saber

Eu não sei de nada, ou quase nada. E, sinceramente, não sei se quero saber.
Não tenho respostas de nada, não sei se estou procurando por elas, mas também não sei se quero perguntar alguma coisa e nem o quê perguntar.
Não sei mais qual é a minha música favorita e nem a banda do coração ou o filme inesquecível. Nem prato predileto, nem cor, nem livro. E não sei se tudo isso existe mesmo.
Não sei se sou feliz ou infeliz, não sei o que quero, e confesso que não sei mais se quero alguma coisa. Não sei se quero ser, se quero estar, se quero ter, se quero dar. Também não sei se quero sonhar e nem com quem sonhar, se quero esperar e nem o que esperar.
Não sei se isso é perder tempo, se é se iludir ou, até mesmo, se é ser prática. Mas também não sei se cansei, se endureci ou se amadureci. Nem sei se arrisco, nem no quê aposto. Não sei se falo, e muito menos o quê falar e para quem falar.
Não sei se reclamo, se peço, se questiono, se acredito, se desejo. Mas há tanta coisa do que reclamar, tanta coisa para pedir, muita coisa para questionar, muito pouco no que acreditar. E se vale a pena desejar, eu não sei.
Rir e chorar eu não sei de quê, para quê e por quê. Não sei se é tudo ou se é nada. Se é vazio, se é falta de razão, se é ausência de propósito. E diante disso tudo eu não sei o que fazer, nem mesmo sei se o fato de não saber dói.
E mesmo não sabendo de mais nada, vou adiante. Não sei de onde, não sei para onde, e nem mesmo sei o porquê de ir. Só sei dizer que não sei, sinceramente, não sei.