domingo, 29 de março de 2009

Um dia chato

Um vazio de palavras, nada a dizer. Ninguém a me falar, ninguém a me ouvir.
Fica um espaço grande em um período de tempo curto, e vê-se o tédio ali.
Ele vai embora quando chega a tristeza por mim sentida ao ouvir a musiquinha do Fantástico, música maldita.
A sensação é estranha, algo roubado. Subtração.
Não, tudo não recomeça amanhã. Tudo está do mesmo jeito, e quase sempre. Não há início, há a continuidade do tudo que já vinha sendo.
O tempo vem se arrastando como cobra, é lento e venenoso.
Sinto a inquietação, depois um breve desespero. E estalo os dedos, expiro forte, e impaciente, passo a mão na nuca.
Hoje, meu tempo não anda comigo no mesmo passo que eu. As minhas palavras, não as tenho de volta, estão gagas, presas, não faladas, nem sentidas nem ouvidas. Sem começo, sem recomeço. Não há ganho nem adição.
É um dia chato, muito chato. Sem perspectivas e novidades, um dia sem saída. Mas com sorte, tem hora certa para acabar. É só esperar o despertador tocar anunciando o dia de amanhã.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Uma mulher, simplesmente

Sexo frágil?
Não.
Melhor? Pior?
Não.
Apenas sexo feminino.
Mulher não é superior ao homem. Não é inferior nem igual.
Diferente também não, só tem as diferenças.
Mulher é mulher. E eu sou mulher, não sou vítima, não sou heroína.
Não quero os mesmos direitos que os homens, não quero igualdade entre os sexos. Quero os meus direitos. E a igualdade, só enquanto cidadã.
Sou uma pessoa que possui limitações como qualquer outra, e isso não tem nada a ver com o meu sexo, tem a ver com minha humanidade.
Quero ser respeitada pelo o que sou e pelo o que faço, quero o meu espaço com meus erros e acertos, vantagens e dores, ônus e bônus.
Não sou feminista nem mesmo feminina. Eu sou eu, alma limpa, coração aberto, estampo no rosto um blush, rímel e batom vermelho acompanhado de um belo sorriso. Não sou uma bandeira a ser levantada, nem ideologia a ser seguida, sou um ser humano.
Não quero o casamento para redimir minhas loucuras de juventude, nem a maternidade para macular a minha imagem. Quero respeito pelo meu passado, presente e futuro. É claro que não sou a favor das rugas, mas quero as marcas das experiências que vivi.
Não quero um dia internacional para ser lembrada, e muito menos, que isso seja uma desculpa para receber flores ou homenagens. Não me importo de ser alvo de piadinhas machistas, eu não me reconheço em nenhuma delas.
Não importa se eu me sustento ou se sou sustentada, importa se sou feliz com minhas escolhas. A atualidade não vai me dizer como devo ser.
Não quero rótulos hipócritas da "modernidade", ela não vai ditar o comportamento que devo adotar. Eu não tenho que ser tudo, arrumar tempo para tudo, ser boa em tudo e nem fazer, ao mesmo tempo, tudo.
Que se dane a "mãe-tempo-integral", que se dane a "esposa-dedicada", que se dane a "ótima-profissional".
Não sou títulos. Sou as marcas que carrego, sou as dores que sofri. Sou sorriso, choro e pecados cometidos. Sou as boas ações que fiz, sou aquilo que desejo, sonho, erotizo, vivo e realizo.
Sou o que escolhi ser, do jeitinho que quero e posso ser.